SOURCE – Primeiramente parabéns pelo lançamento de Destroy, Destroy, Destroy! Um dos melhores álbuns da banda. Como foi a produção envolvendo esse álbum?
Wiz (Drums) – Fizemos tudo que queríamos fazer a época, pensamos em cada detalhe do trabalho, porque ele teria que ser o sucessor do Demom King e nós não gostamos de fazer um trabalho muito parecido com outro. Cada lançamento de um trabalho nosso, tem particularidades de cada fase nossa e também coisas que queremos fazer diferente. Esse é o motivo porque não lançamos trabalhos muito colados aos outros.
SOURCE – Indiscutívelmente, Vladimir Korg era a voz do Chakal. Marcante e inconfundível, porém também marcado por integrar outras bandas. O que levou ao desligamento dele da banda?
Laranja (Bass, Vocals) – Não existe uma resposta estrita, as possibilidades estão todas aí. Eu alem de ser fã, sou amigo pessoal de Korg, conversamos e encontramos frequentemente. Korg é um lobo inquieto, você enxerga isso ao longo do tempo, antes de entrar pro Chakal, ele era do Megathrash, depois do Chakal, montou, participou e flertou com diversos projetos e como dizem por ai, que banda é igual casamento, e quando aparece uma amante, vem a vontade de largar tudo e fugir com ela…
SOURCE – Marcelo Laranja já foi um antigo membro da banda. Como ocorreu o seu retorno ao grupo e consequentemente o acúmulo dos vocais?
Laranja (Bass, Vocals) – Eu sai do Chakal, mas o Chakal nunca saiu de mim, inclusive na tour do Destroy, eu fiz a iluminação em alguns shows. E quando soube que o Chakal estava sem baixista e sem vocalista e ainda anunciaram uma homenagem ao The man… pensei: taí uma boa hora de voltar a tocar. Procurei o Wiz, conversamos um pouco e combinamos de eu aparecer no ensaio. Tocamos umas duas musicas juntos, a principio estava receoso por que não tocava ha uns 20 anos ou mais, a não ser em casa ou de bobeira com amigos, então era um desafio para mim, por que se no passado existia uma distancia técnica entre eu e os outros membros da banda, hoje existe um abismo técnico. Mas com muita paciência e boa vontade de Mark, Andrevil e Wiz, as coisas foram ajeitando e aos poucos fui desenferrujando. Quanto aos vocais não tinha nada definido e dentre as opções, a banda achou melhor manter a minha voz para esse projeto de re-editar o The Man Is His Own Jackal.
SOURCE – Quais são os planos para a gravação de um novo álbum?
Laranja (Bass, Vocals) – No momento estamos finalizando a mixagem da re-edição do album The Man Is His Own Jackal. Reestruramos todas as músicas, corrigimos alguns erros que passaram na primeira edição, mudamos alguma coisa em relação a afinação e arranjos. Andrevil, que está à frente da produção, passou um pente fino em todas as músicas, fazendo o som ficar mais maduro, sem perder a característica thrash do original.
Não se trata de uma simples re-edição, é um novo album!
Wiz (Drums) – Ainda não pensamos no assunto, vamos lançar o The Man em 2017 e ver quantos shows faremos para depois começar a pensar em um novo trabalho.
SOURCE – A banda foi criada em 1985, há alguma previsão de um documentário sobre a banda?
Laranja (Bass, Vocals) – Não sei se teríamos material em vídeo suficiente para contar a história da banda.
Wiz (Drums) – Acho que teve uma invasão de documentários e o Chakal já participou de vários, não creio que tenhamos tantas coisas para falar, acho que prefiro tocar e se tudo der certo fazer um documentário sobre os próximos 15 anos.
SOURCE – A Greyhaze Records tem lançado diversos títulos da Cogumelo Records nos Estados Unidos. Percebi que Demon King está disponível no site da gravadora, mas como item importado. Há alguma previsão de lançamentos da discografia do Chakal no Exterior?
Wiz (Drums) – Não participo tanto dessas coisas, geralmente o João, responsável pelo selo da Cogumelo me chama e fala: “olha vou lançar esse CD ou esse LP” e eu falo beleza manda bala. É assim que funciona. As pessoas têm que se conscientizar que a mídia impressa é só um nicho pequeno de mercado, ninguém vai vender o suficiente de CDs para realmente fazer diferença. Eu por outro lado continuo comprando CDs e LPs.
SOURCE – Qual o impacto do Abominable Anno Domini na carreira da banda?
Laranja (Bass, Vocals) – O AAD é o disco mais conhecido do Chakal. Talvez o que mais tenha vendido. É o álbum clássico da banda; se você prestar bem atenção e for um conhecedor das músicas do Chakal, vai ver que nele estão presentes influencias que são até hoje, mas eu não diria que é o melhor disco do Chakal, o Destroy, pra mim é um dos melhores discos que eu já ouvi, quando Korg estava gravando os vocais, me chamou para uma visita e ouvindo ali, o som cru ainda, eu pensei, esse álbum vai destruir tudo 3 vezes, mas com certeza, ele não existiria se não fosse o AAD.
SOURCE – O Chakal foi uma banda que tornou-se muito importante devido sua efetividade musical nos registros fonográficos e pela atuação na cena. Vocês têm consciência da grandiosidade da banda para a cena brasileira, presente desde a WarfareNoise I até Destroy, Destroy, Destroy!?
Laranja (Bass, Vocals) – Primeiramente obrigado pelo Grandiosidade. Chakal se manteve na cena por que nunca quis ser a banda mais rápida, ou a mais pesada, nem mesmo foi a mais amada ou odiada, sempre manteve o propósito de fazer música pesada sem se preocupar com tendências, começou pela música e acredito que o motivo de estar em ativa até hoje, seja pela música também, ninguém se tornou rico ou famoso. Mark e Wiz, que são a raiz da banda, mantêm-se fortes, por acreditarem no som, por acreditarem na música.
A banda é sempre citada em reportagens e entrevistas, seja por bandas mais antigas e também novas, talvez pela autenticidade musical. Antes de tocar com o Chakal eu era roadie dos caras, depois tive a sorte de ser escolhido pra poder tocar com eles; e poder estar do lado de um guitarrista como Mark, é muito confortável e enaltecedor. Ao meu ver, Mark é o maior responsável pela grandiosidade do Chakal!
Wiz (Drums) – Acho difícil falar de uma coisa que eu realmente não consigo vislumbrar, não consigo pensar em música como uma cena que tenha que lutar por algo. Eu me divirto muito tocando e acho legal que algumas pessoas gostem do que faço, mas não vejo uma cena na concepção mesmo da palavra. A diferença de hoje para ontem é que as pessoas se encontravam mais e todas tinham o mesmo gosto musical e a mesma vontade de tocar, a dificuldade da época em conseguir instrumentos, lugar decente para tocar e o público é que talvez tenha dado essa impressão de uma cena real, mas na verdade isso já foi mastigado, engolido e defecado.
SOURCE – Atualmente como está o cenário mineiro?
Laranja (Bass, Vocals) – BH sempre foi um incubatório de bandas, a cada dia surge uma nova, ou um projeto novo. A cena underground está sempre em movimento, ano passado por exemplo, em setembro rolou a Primeira virada do metal, onde se apresentaram 30 bandas autorais aqui de BH. Isso mostra a cena forte e criativa!
Wiz (Drums) – Como na pergunta anterior vejo as pessoas querendo tocar e fazendo isso, mas é só.
SOURCE – Espaço aberto para comentários finais.
Laranja (Bass, Vocals) – Primeiramente, fora Temer e o que entrar no lugar dele. Segundamente, obrigado pelo espaço aberto no SourceWebzine, assim nossa música pode se espalhar pelos 4 cantos. Keep metal, listen to Chakal!
Wiz (Drums) – Esperamos ter condições de levar nossa música ao máximo possível de fans com esse relançamento do álbum The Man is his Own Jackal.
Link:
Video: