SOURCE – O Explicit Hate é um dos grandes nomes do cenário nacional, mas, infelizmente, só conseguiu lançar um álbum, A View of the Other Side o qual é considerado um clássico para a cena brasileira. Qual foi o motivo da banda ter lançado apenas esse álbum?
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Bom, antes de tudo, muito obrigado pelo convite para a entrevista, é um prazer. Na época, em torno de 1990 já tínhamos material mais que suficiente para lançarmos um novo álbum, inclusive, gravamos uma pré com as músicas Small Violent Land, From the Jungle e Scared no estúdio do guitarrista Daniel Cheese, mas, por questões pessoais, achamos que aquele era o momento de fecharmos aquele ciclo e cada um tomar um rumo diferente. Eu e meu irmão fomos para Los Angeles e ficamos por lá praticamente toda a década de 90, o Victor e o Christian continuaram por aqui e se profissionalizaram em outras áreas.
SOURCE – A banda teve diversas indas e vindas em suas atividades musicais. Faça um resumo das atividades atuais do Explicit Hate para que possamos compreender a atual carreira do grupo.
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Na verdade, tivemos a oportunidade de nos reunir somente em 2009 e 2014, mais pra dar uma desenferrujada. No caso, em 2009 gravamos algumas faixas de inéditas com o Alex Käffer nas guitarras, mas, sem nehuma intenção de voltar a fazer shows ou um retorno ao circuito, Tínhamos algumas idéias e resolvemos registra-las, só isso, sem compromisso. Já em 2014 não chegamos a gravar, mas, fizemos uma pequena apresentação aqui no Rio, foi mais um encontro com os amigos e foi muito divertido rever várias pessoas que faziam parte da cena na época. Atualmente não há nada no horizonte. O meu irmão, Rod Santoro, vive na Tailândia, Victor e Christian moram aqui no Rio, sempre nos encontramos, com seus trabalhos e suas famílias. Tenho, sim, algumas idéias na cabeça que gostaria de gravar, mas, provavelmente vai ficar pro ano que vem, assim espero.
SOURCE – Em 1988, o Explicit Hate era das banda que se destacava pela técnica e qualidade de material. Você acha que o disco A View of the Other Side poderia ter ido mais longe?
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Acho que ele foi até aonde deveria ter ido, é claro que poderíamos ter feito mais pelo álbum, mas haviam vários fatores na época que refletiram na situação: inexperiência, falta de um maior apoio da gravadora, falta de um melhor aconselhamento etc… mas, no final das contas, nós nem pensávamos nisso, foi muito divertido viver e fazer algo que de uma certa maneira contribuiu para aquela época.
SOURCE – Como aconteceram as gravações de A View of the Other Side, lançado inicialmente pela Cogumelo Records?
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Foi maravilhoso gravar esse álbum pra todos nós, três moleques pela primeira vez dentro de um estúdio profissional (o Christian não conseguiu ir com a gente porque ele estava nas provas da faculdade e eu acabei gravando as linhas de baixo), em uma outra cidade – BH, e debaixo de uma pressão enorme pra tentar colocar no acetato toda aquela barulheira. Não ficou da maneira que nós imaginávamos, mas, foi um excelente aprendizado pra todos.
Tivemos um excelente técnico e engenheiro de som, o Gauguin, com quem aprendi muito e a inestimável ajuda do Sílvio SDN, vocalista do Mutilator, homem forte do Sepultura, grande amigo nosso e que tem suas mãozinhas na capa do disco. Foi uma experiência inesquecível!
SOURCE – O Explicit Hate provavelmente era uma das poucas bandas com potencial a conquistar o mercado internacional com o lançamento de A View of the Other Side já na década de oitenta. Como foi a receptividade na época do lançamento do álbum?
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – A receptividade foi excelente apesar da total falta de apoio da Cogumelo. O álbum teve um excelente repercussão tivemos muitos convites pra shows, entrevistas em rádios, revistas especializadas, muitas da Europa e Ásia e até hoje recebemos pela página do Facebook pedidos de entrevistas de diversas partes do mundo, o que nos enche de orgulho por ver que até hoje existe uma grande consideração pelo trabalho que fizemos. Talvez se algumas pessoas que tiveram a oportunidade de chegar lá fora primeiro, ao invés de dizer que não tinha mais nada no Brasil além deles, tivessem dado uma força para várias outras bandas daqui com um potencial imenso, não era somente o Explicit Hate, talvez as coisas pudessem ter sido um pouco diferente, mas isso agora é história!
SOURCE – Próximo ano o clássico álbum A View of the Other Side completará trinta anos. Há alguma previsão de relançamento do disco, tour ou algo do genero?
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Em 2014 lançamos uma compilação A View of Every Side pela MARQUEE Records com todo o trabalho da banda que tínhamos em mãos como: as primeiras gravações de ensaios, demos, o álbum de 88 até as últimas gravações de 2009, é um apanhado geral de todas as fases pela qual a banda passou mostrando a evolução e transformação ao longo de todos esses anos.
Não há planos para tour ou algo do gênero e sim muitas idéias na cabeça que pretendo gravar mais adiante, mas, sem uma data certa pra isso. Se tudo correr tranquilo, a previsão é que eu faça algo no próximo ano, quem sabe?
SOURCE – Eu ouvi a faixa Population Zero lançada em 2009. Ela ainda mantem fiel as raízes da banda.
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Não existe no momento um repertório, pois a banda não está em atividade. Existe sim vários tracks de guitarra que eu gravo em casa mesmo e que depois pretendo transformar em algumas faixas, 5 ou 6, e lançar na web. Mas, sem compromisso com um retorno, é mais pra botar pra galera ouvir mesmo.
SOURCE – Atualmente as mídias sociais são um grande meio para divulgação de bandas. Como vocês encaram o fato de atualmente ser mais fácil divulgar e lançar um material que no início da banda?
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Encaramos como uma evolução natural das coisas, normal. Realmente hoje é muito mais fácil divulgar um trabalho, principalmente, de uma banda nova surgindo no cenário, naquela época era só correios e telefone discado. Divulgação só tinha por meio de fanzines. Mas, tudo tem um lado bom e outro ruim, apesar da facilidade que se tem hoje, na minha opinião, está tudo muito disperso, espalhado, difuso, não há uma cena musical forte, um verdadeiro movimento em torno de um tipo de música, não chega nem perto do que eu já vi e vivi. São outros tempos…
SOURCE – Planos para um novo álbum?
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Um novo álbum seria muito complicado nesse momento, pois implicaria em reunir todo o pessoal, Rod, Victor, Christian, Käffer… e agora isso seria inviável. Com certeza, algumas faixas virão em um futuro próximo.
SOURCE – Algo mais a ser acrescentado?
Gustavo Santoro (Vocals, Guitars) – Queria agradecer à SOURCE pela entrevista, pela lembrança e consideração pelo EXPLICIT HATE, isso só prova que eu, meu irmão e mais dois grandes amigos fizemos algo que realmente conta e contribuiu de alguma maneira com a cena metal que surgia naquela época e se perpetua até hoje. Assim que tiver uma previsão para lançar as faixas, vocês serão os primeiros a escutar. Mais uma vez, obrigado por tudo e conte com a gente, nos falamos em breve.
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