SOURCE – Em maio de 2017, o primeiro disco Campo de Extermínio irá completar trinta anos de lançado. Atualmente como você avalia esse trabalho, considerando as circunstancias que ele foi produzido?
Valério Exterminator (Guitar) – Fizemos o nosso melhor. As circunstâncias não permitiriam um registro de melhor qualidade. Tínhamos um limite de tempo (períodos de gravação) para gravar as 9 músicas. Então a pressão era grande e claro ainda maior devido ao fato que éramos muito jovens, o nervosismo era inevitável. Naquela época outro fator era o total desconhecimento por parte dos técnicos de estudio em relação ao nosso estilo de música. Ainda com todos esses contratempos, o registro final do Campo de Extermínio ainda pulsa agressivamente para aqueles que somente após os anos 2000 o escutaram. Isso é um sinal que realmente fizemos nosso melhor.
SOURCE – Campo de Extermínio foi o primeiro lançamento da série de álbuns das bandas que integraram a Warfare Noise I. Você acredita que devido a esse pioneirismo, o álbum foi prejudicado em algum aspecto durante o período de produção e divulgação?
Valério Exterminator (Guitar) – Em momento algum a banda teve esse pensamento. Ser pioneiro está no DNA da banda, e vemos isso como algo extremamente positivo. Ainda que fossemos a última banda a gravar, as dificuldades citadas na resposta anterior não teriam sido resolvidas. Mas não temos esse sentimento de que o pioneirismo tenha prejudicado algum aspecto durante a produção e divulgação.
SOURCE – Os lançamentos pós Campo de Extermínio mostraram uma banda musicalmente muito diferente de suas raízes. Como você avalia as repercussões desses álbuns?
Rodrigo Führer (Vocal) – A saída do Valério Exterminator foi o ponto crucial disso, pois era o principal compositor do Holocausto. As constantes mudanças na formação contribuíram também para as constantes mudanças na sonoridade. Todos os álbuns tiveram repercussão positiva, mas nenhum deles atingiu relevância como o Campo de Extermínio.
SOURCE – O álbum De Volta ao Front mostrou uma vertente mais hardcore do Holocausto. Musicalmente qual será a tendencia do novo álbum?
Valério Exterminator (Guitar) – O novo álbum acaba de ser lançado na Europa: WAR METAL MASSACRE pela NUCLEAR WAR NOW PRODUCTIONS dos Estados Unidos. Ele é uma continuação da demo tape Massacre e da Warfare Noise I. A banda acredita que houve uma interrupção quando a formação original se desfez, então, com esse retorno dos integrantes originais, nada mais óbvio do que retornarmos às origens musicais. WAR METAL MASSACRE é puro WAR METAL feito pelos pioneiros do estilo.
SOURCE – O documentário Ruído das Minas apresentou uma parte do cenário de Minas Gerais para a nova geração com relatos de alguns fatos do cenário daqueles anos. Atualmente como você classificaria o cenário mineiro?
Anderson Guerrilheiro (Bass, Vocals) – Hoje a cena é muito diferente do que era antigamente, o metal ficou fragmentado em diversos estilos, mas isso não quer dizer que são totalmente diferentes entre si, mas devido a isso, o público em geral, são bem menores a ponto de uma banda tocar, e seu público sair pra entrar outra banda com outro público, isso com certeza enfraquece o movimento.
SOURCE – Nos últimos anos o Holocausto realizou shows no Chile e na Alemanha obtendo uma aceitação considerável. O que você destaca sobre essas experiencias?
Nedson Warfare (Drums) – Destaco a grande legião de fãs que temos fora do Brasil. Não tínhamos ideia do tanto que prosperou a semente que plantamos lá em 1986. Outro lance foi o respeito e a receptividade, em todas as cidades que tocamos, tanto os fãs quanto os membros das bandas nos trataram muito bem, ahh sem falar nos equipamentos e o suporte operacional. Esperamos que esse ano seja mais interessante ainda e que o aprendizado continue.
Anderson Guerrilheiro (Bass, Vocals) – O destaque principal foi o intercâmbio de ideias, pois o que notei é que lá fora a cena lembra muito os anos 80; quando não havia divisões entre o público nos shows.
SOURCE – Na década de oitenta, Belo Horizonte era a cidade brasileira com mais bandas em ascensão no cenário, mas poucas obtiveram um reconhecimento internacional. Qual sua opinião sobre o fato?
Valério Exterminator (Guitar) – Não acho que foram poucas. O Mundo Metal conhece de Belo Horizonte mais do que Sepultura, Sarcófago, Holocausto, Mutilator, Overdose, Chakal, Sextrash, Witchammer. Talvez sua colocação tenha relação com bandas de BH que fizeram carreira internacional, porém reconhecimento todas essas e outras tantas tiveram. Quanto à carreira internacional nem sempre a banda que consegue tal feito, é a melhor banda, pois outros fatores estão envolvidos nesse processo.
SOURCE – Campo de Extermínio já foi mencionado várias vezes, inclusive internacionalmente, como um dos melhores lançamentos brasileiro de todos os tempos. Como você avalia esse entendimento de álbum clássico do metal nacional?
Rodrigo Führer (Vocal) – Na época não fazíamos ideia do quão representativo e relevante poderia ser esse disco. É impressionante como ainda é importante, mesmo cercado de polêmicas e estigmas. Se tornou um clássico da música extrema sulamericana e influenciou muita gente pelo mundo todo. Trinta anos depois ainda é escutado e citado e acho que daqui a trinta anos ainda será.
SOURCE – Existe alguma programação/evento para a comemoração dos trinta anos do lançamento de Campo de Extermínio?
Rodrigo Führer (Vocal) – A Cogumelo Records vai lançar mais uma edição do Campo de Extermínio com alguns itens inéditos. Pensamos também em seguir tocando ao vivo o Campo de Extermínio na íntegra, talvez façamos um show comemorativo em Belo Horizonte.
SOURCE – Algo mais a ser acrescentado?
Valério Exterminator (Guitar) – Queremos agradecer pela oportunidade do SOURCEWEBZINE na pessoa do Falber Teles. As sirenes anunciam que o Holocausto está DE VOLTA AO FRONT para executar impiedosamente nosso WAR METAL MASSACRE, e que se mantém nas trincheiras e sempre alerta sobre as atrocidades que acontecem diariamente no CAMPO DE EXTERMÍNIO dos dias atuais.
Aproveitamos para recrutar os bangers do Brasil, para a batalha que se realizará em Belo Horizonte no dia 10 de junho, no 1ª MONSTERS OF METAL – MG. O festival contará com as seguintes bandas: Holocausto, Sextrash, Kamikaze, Sagrado Inferno e Witchammer.
“Nunca devemos aclamar a vitória sobre o cão bastardo, pois a cadela que o pariu está novamente no cio”.
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