SOURCE – Qual o motivo do nome da banda ter sido escolhido Music In Low Frequencies? Há alguma referência a composição em tonalidades (afinações, timbres) mais baixas ou algo do gênero?
Sergio Ferreira (Guitars) – O nome da banda surgiu conforme a ideia da sonoridade que ansiávamos obter com a banda. Quando decidimos o nome, ainda não sabíamos bem como iríamos lá chegar e demoramos algum tempo a perceber que seríamos capazes, mas fomos experimentando sempre abordagens diferentes aos temas, às composições, ao que poderíamos acrescentar de forma a obter sempre um melhor resultado. Todo esse processo traz-nos ao que temos hoje mas, continua também sempre em processo de transformação. É uma evolução contínua. Gostamos desse desafio. Hoje o nome faz ainda mais sentido.
SOURCE – Como foi a produção de Catharsis em comparação com a do Sowing the Seed?
Sergio Ferreira (Guitars) – A produção de “Catharsis” foi muito mais demorada comparada com “Sowing the Seed”. Essa foi a melhor forma de não voltarmos a cometer alguns erros. A pressa é inimiga da perfeição. Na verdade, começamos a trabalhar no “Catharsis” em 2017. Gravamos uma primeira maquete nessa altura e logo percebemos, com ajuda de quem nos ajudou na produção da maquete que conseguimos fazer mais e melhor. Voltamos à sala de ensaio, fizemos mais uma série de temas mas depois por motivos particulares de um dos elementos tivemos de parar durante um período que se prolongou entre finais de 2018 e meados de 2020. Depois apareceu o Covid e o tempo foi-se prolongando e com ele a produção do disco. Mas apesar de todo este demorado processo, julgamos que foi a melhor forma para obtermos o resultado que temos. Conseguimos amadurecer as ideias, trabalhar cada detalhe com mais calma… Isso é “Catharsis” e todo este tempo está bem patente em cada um dos temas.
SOURCE – Considerando que o lançamento de Catharsis é independente. Quais as estratégias que vocês estão utilizando na divulgação?
Sergio Ferreira (Guitars) – “Catharsis” não é um lançamento independente. O disco foi editado pela conceituada “Raging Planet” que tivemos a sorte de nos ter incluído no seu catálogo. Todas as estratégias de divulgação são geridas na sua maioria pela editora.
SOURCE – Para visualização do vídeo This Corpse, o You Tube solicita login para confirmar a idade, informando que o vídeo pode ser impróprio para alguns usuários. Você acredita que isso pode impactar na aceitação?
Sergio Ferreira (Guitars) – Não pensamos o quão impactante seria ou não o vídeo ter restrições de idade. Foi algo pensado apenas tendo em conta aquilo que queríamos fazer e transmitir, não só com o vídeo mas também com a música, sem pensar em mais nada além disso. Temos a sorte de ter encontrado as pessoas corretas para fazer isto connosco. Adoramos o resultado. Não fazemos nada só para obter “cliques”, fazemos porque queremos. Apenas isso.
SOURCE – Como foi a produção do vídeo This Corpse? Ele está disponívelem outras plataformas?
Sergio Ferreira (Guitars) – A produção do vídeo foi um desafio e uma experiência brutal até para nós. Realmente a suspensão humana é algo marcante, não só para quem o faz mas também para quem assiste. Tivemos o prazer de termos aquele espectáculo só para nós e dentro de uma pequena igreja do século XII. Ficará para sempre na nossa memória. Além da parte da suspensão que teve também a particularidade de ser gravado em apenas um take, gravamos a parte da Mariana num estúdio, usando apenas fundo preto e uma tinta prateada, que é parte da imagem do disco e que pretendemos manter. As mãos que em certo ponto do vídeo aparecem a agarrar a Mariana e a pintar o logotipo da banda no fundo são as mãos dos restantes músicos da banda. Não foi de fácil produção o vídeo, houve muitas reuniões antes e depois das filmagens com todos os intervenientes. Mas obtemos o resultado pretendido e esperamos que quem assistir, goste tanto como nós. Apenas disponibilizamos no Youtube.
SOURCE – A sua música possui raízes fortes no black metal. Como você avalia a popularização da mistura desse estilo com outras formas de música?
Sergio Ferreira (Guitars) – Nós absorvemos várias influências de vários estilos. Essa pluralidade de géneros musicais é a base forte do que é Music In Low Frequencies. Exploramos todos e gostamos disso. O black metal é uma forte influência sim, mas também vamos buscar muito ao Doom, Stoner, Post Metal… etc… Experimentar e misturar sonoridades também nos fazem sentir emoções diferentes. Isso é o que queremos com aquilo que criamos, para nós e para quem nos ouve.
SOURCE – Nos noticiários brasileiros há muita repercussão de xenofobia a brasileiros em Portugal. Isso acontece também no cenário musical?
Sergio Ferreira (Guitars) – Xenofobia existe sim, não só em Portugal para com os Brasileiros, mas em todo o mundo e para com todas as pessoas. Assim é a humanidade. Podem ouvir um pequeno excerto dum texto de Carl Sagan que utilizamos como sample no tema “the right way”, apesar de ter décadas, continua ainda completamente atual. Na música apenas podemos afirmar que vemos pelo menos na nossa cidade, vários músicos brasileiros completamente integrados, alguns já a desenvolver os seus projectos. Nós próprios colaboramos em parte com a organização de alguns eventos com bandas brasileiras que o Alexandre (baterista de Andralls e Nuclear Warfare) e a sua agência On Fire Booking Agency, trazem até à Europa. A nossa tour em 2014 foi com os brasileiros Chaos Synopsis com os quais desenvolvemos laços de amizade que se reforçam até neste nosso trabalho, pois o baterista deles, Friggi “mad” Beats, participa como convidado num dos temas. Para nós só existe música, nada mais que isso. Acreditamos que para quem gosta de música essa seja também a única linguagem.
SOURCE – Algo mais a ser acrescentado?
Sergio Ferreira (Guitars) – Queremos agradecer a todas as pessoas que nos têm apoiado, quer seja a comprar o nosso disco no bandcamp, quer seja a encomendar o nosso merch. As mensagens de incentivo também são sempre um ótimo elixir para nos dar força para continuar. Temos recebido críticas altamente motivadoras e estamos a gozar de todo este momento. Queremos estar cá para retribuir, sempre. Temos muito mais para dar. OBRIGADO.
Obrigado também por nos permitir esta entrevista, o prazer é nosso. Adorávamos um dia poder tocar no Brasil, se surgirem ideias, se algum produtor estiver a ler esta entrevista não hesitem em contactar. Podem contactar directamente connosco ou podem procurar a nossa editora Raging Planet em Portugal. Obrigado por todo o apoio que temos sentido.
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