Overdose

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SOURCE – O lançamento de Século XX juntamente com o Sepultura, ajudou ou atrapalhou a carreira da banda?

Cláudio David (Guitar) – No primeiro momento foi prejudicial, pois já éramos uma banda famosa nacionalmente, enquanto que o Sepultura era iniciante. Abrimos as portas para eles, mas ao invés de sermos retribuídos, fomos vítimas de uma obsessiva competição. Depois que eles se tornaram famosos, às vezes somos lembrados pelo Split.

SOURCE – Progress of Decadence foi o início da carreira internacional da banda. Tours com nomes expressivos do underground e participações em festivais internacionais demonstravam que o Overdose seria o novo nome do cenário brasileiro no Exterior. Mas, a carreira da banda não evoluiu como deveria. O que aconteceu?

Cláudio David (Guitar) – Na época que estávamos no Exterior, o Metal estava em baixa, o grunge havia abafado o movimento. Na proporção em que a vendagem das bandas de Metal foi caindo, a nossa gravadora foi cortando o nosso suporte, até um momento em que ficou inviável trabalhar, não tínhamos mais dinheiro suficiente para fazer as turnês. A mudança na direção da gravadora também prejudicou muito, pois o presidente que foi o A&R que contratou o OverDose, saiu e o novo não tinha a mesma ligação emocional e profissional com a banda.

SOURCE – Como aconteceu o retorno aos palcos do Overdose. Há algum plano para a gravação de um álbum?

Cláudio David (Guitar) – A princípio fomos convidados para tocar no festival 53HC. Fizemos uma reunião e como estávamos sem tocar juntos há mais de 8 anos, no meu caso, estava completamente parado há anos, e o tempo era curto, decidimos apenas fazer uma pequena participação no festival e voltar a ensaiar com calma pensando em fazer alguns shows. O plano é fazer poucos shows, mas dar continuidade na banda. Em relação a algum trabalho inédito, ainda não temos nenhum plano, o que talvez role são os relançamentos dos discos antigos.

SOURCE – O metal mineiro nunca parou, embora tenha mudado sua intensidade. Atualmente há um saudosismo ao cenário brasileiro da década de oitenta e noventa. Você acredita que ações como essa, incentivam bandas inativas no cenário a reativarem suas atividades?

Cláudio David (Guitar) – Acredito sim, pois as bandas que já estavam na ativa também influenciaram na volta do OverDose. Acho legal que tenham muitas bandas da antiga na ativa, pois fazemos parte de um movimento único na história do Metal brasileiro e mundial.

SOURCE – Bandas como Dorsal Atlântica, MX e Vulcano finalizaram as atividades musicais e após vários anos, lançaram CDs muito bons em seu retorno. Você tem acompanhado esse processo de retorno ao cenários de bandas daquela época?

Cláudio David (Guitar) – Acompanhamos sim, mas mais pelo FaceBook, pois estávamos completamente fora do meio. Tomara que com a nossa volta possamos reencontrar toda essa galera na estrada.

SOURCE – Atualmente como você avalia os últimos álbuns do Overdose Progress of Decadence (1993) e Scars (1995)?

Cláudio David (Guitar) – Dois dos melhores e mais originais álbuns do OverDose. Foram eles o que realmente abriram as portas para o OverDose nos Estados Unidos e na Europa. Acho que todos os discos do OverDose tem muita personalidade e originalidade, mas os Scars e o Progress chegaram a uma maturidade musical e uma identidade sonora única, que diferenciou radicalmente a banda de todas as outras do Metal, consagrando o OverDose mundialmente.

SOURCE – O metal mineiro também é povoado de muito folclore com rivalidade entre as bandas e desentendimentos musicais. Você acredita que esses fatores também tiveram a sua parcela de contribuição ao sucesso do metal mineiro?

Cláudio David (Guitar) – Acho que sim, foi uma forma de marketing. Mas nós sempre fomos os “caras bonzinhos”, sempre tentamos ficar fora de quaisquer brigas. De qualquer forma, acho que a parcela foi pequena, se comparada às grandes contribuições que o Metal mineiro trouxe para o Metal brasileiro e mundial.

SOURCE – Como você analisaria a cena do metal mineiro atualmente?

Cláudio David (Guitar) – Eu fiquei um tempo fora da música, então não sei se estou atualizado. Mas, até onde sei, o movimento se fragmentou muito, em incontáveis ramificações do Metal, como no mundo todo. Isso, aliado a falta de apoio e espaço, fez com que grupos muito bons mal saíssem da garagem. Até existem grupos de Metal muito fodas em BH, mas eles raramente tocam. Eu diria que aqui sobra talento, mas o movimento está despedaçado, os músicos logo procuram outro meio de vida.

SOURCE – A Internet trouxe uma facilidade para divulgação dos artistas, mas também tem quem reclame dos downloads ilegais, qual a sua opinião?

Cláudio David (Guitar) – Problema de download ilegal é coisa de peixe grande, só banda muito famosa tem esse tipo de problema. A esmagadora maioria dos músicos quer é que suas musicas sejam baixas gratuitamente, o que também não deixa de ser um sintoma grave. A Internet democratizou a divulgação, até certo ponto, pois sem uma boa equipe e algum dinheiro para investir, também não dá pra ir muito longe. A verdade é que por mais que as gravadoras fossem corruptas e imperialistas, antes do mp3, elas investiam dinheiro nas bandas, tanto em divulgação como no suporte para os shows. A Internet ajuda, mas não tem como suprir a falta de suporte gerada pela falência das gravadoras.

SOURCE – Algo mais a ser acrescentado?

Cláudio David (Guitar) – O chavão; agradecer você pelo espaço no site e aos fãs, que são os verdadeiros responsáveis pela volta do OverDose. Esperamos encontrar vocês nos shows. Abraços.

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