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SOURCE – Primeiramente parabéns pelo lançamento do novo álbum Obscura. Qual a representatividade dele na carreira da banda? Como foi a gravação e produção do álbum?

Sergio Mazul (Vocals) – Obrigado, é uma honra e um prazer imenso poder conceber mais um trabalho. Obrigado a vocês da Source, também, por esta entrevista. Vamos lá: ‘Obscura’ foi um desafio muito grande, inclusive por refletir uma fase realmente ‘obscura’ pela qual passamos. Uma tour nos EUA cancelada por problemas de vistos, um dos nossos músicos impossibilitado naquele momento, de manter as atividades por conta de uma grave depressão, uma gravadora que naquele período nos prejudicou financeiramente e não cumpriu com o contrato que havíamos assinado, enfim, uma série de fatores assolaram nosso trabalho. Juliano Ribeiro (guitarrista), um dos principais compositores e mentes ativas na banda e o J Augusto (tecladista), membro fundador, assumiram as rédeas do início do processo criativo do disco e da estruturação dele. Retomamos composições e as idéias, ensaios, iniciamos a pré produção e as gravações em seguida. Sem dúvida, refletimos tudo o que passamos neste trabalho. Ele possui uma carga emocional enorme.

SOURCE – Musicalmente qual o novo enfoque dado a Obscura?

Sergio Mazul (Vocals) – Não diria que temos novos enfoques, neste disco. Ele mantém nossa personalidade. Mas sim, você vai encontrar um volume maior de vocais limpos e apesar de existirem muitas músicas pesadas e densas nele como existem no anterior (‘Lunar Manifesto’), também existem músicas introspectivas e de aspecto mais emocional. Isso é inevitável, visto que a carga de sentimentos que deu origem às primeiras músicas dele, é enorme.

SOURCE – A banda tem investido em boas produções de videos clipes como em Dark of the Day. Como foi a produção do vídeo clipe Mere Shadow para divulgar o álbum atual?

Sergio Mazul (Vocals) – ‘Mere Shadow’ teve a produção à cargo do mesmo diretor e produtor do clipe de ‘Dark of the Day’, inclusive: Alceste Ribas. A idéia era mostrar a banda em uma tomada externa pela primeira vez, visto que os vídeos do disco anterior foram todos gravados em espaços fechados. Foi trabalhoso por ter sido um dia quente, apesar de com pouco Sol; mas a fluidez do trabalho foi ótima, justamente por já termos trabalhado antes com o Ribas. Decidimos refletir o significado da música, em um dia nublado, em uma cidade abandonada e centenária, mostrando lados sombrios crescentes em uma mente que vai tonando o indivíduo, uma sombra de si mesmo. A principal interpretação, muito resumidamente, é essa e acreditamos que foi uma excelente escolha para primeiro single. Foi a primeira real composição feita, concluída e ensaiada no track-list desse novo trabalho.

SOURCE – Como você avaliaria a carreira nacional e internacional, separadamente, da banda?

Sergio Mazul (Vocals) – São duas projeções diferentes. A Internacional tem caminhado extremamente bem desde 2014, com o ‘boom’ orgânico e viral dos nossos vídeos e a boa receptividade que ‘Lunar Manifesto’, disco anterior, obteve. Nosso maior público passou a se concentrar em países como Estados Unidos, Mexico, Alemanha, Finlândia, outros da Europa e Argentina, Uruguai e Paraguai por aqui. Brasil evidentemente, sempre concentrou bastante público por sermos daqui, mas aí é que está, o cenário musical popular aqui exclui tanto o Metal, que fica impossível levarmos nosso show a todas as regiões. Toda logística aérea ou mesmo, por estradas, no país, torna os custos dispendiosos demais, tantas vezes inviáveis a produtores e também para os músicos, que sempre precisam compactar shows, limitar suas condições e passar por muito perrengue pra fazer acontecer. É por essa razão que nunca fizemos uma tour extensa pelo país; sempre nos concentramos em regiões mais próximas de nossa cidade natal. Claro que se houverem boas propostas e condições, vamos ter o maior prazer do mundo em viajar pelo Brasil! Mas um país de proporções continentais, onde Rock e Metal ainda são vistos com aversão pela grande mídia e onde os custos para tudo são tão abusivos, acaba limitando nossas ações e direcionando nosso foco para mercados onde existe muita procura pelo nosso trabalho e gênero musical, como o europeu.

SOURCE – O Brasil é um dos maiores países de pirataria no cenário fonográfico. Qual a percepção de vocês referente ao compartilhamento de arquivos ilegais?

Sergio Mazul (Vocals) – Eu lembro bem das polemicas em torno da pirataria da mídia física, trabalhei anos em uma das maiores lojas de CDS e discos de Metal do país e o impacto que isso causou. O início da Internet fez com que a questão se ampliasse de forma desordenada, surgimento do Napster etc, até o ponto em que chegamos hoje. Meu ponto de vista: hoje, todos estão mais conscientes e plataformas como Spotify, iTunes, Deezer, bandcamp, Youtube/Youtube Music, vieram para dar ordem e organização às obras intelectuais dos artistas. O artista recebe, tem renda e vendas digitais como as do GooglePlay, por exemplo, quase que substituem fielmente a venda física do material como um todo. E claro, a venda física: ela existe sim, é substancial, colecionadores não abrem mão de CDs ou edições especiais, box-set e o vinil voltou com força total! Inclusive, existem recordes de vendas de vinis nos últimos anos batendo números de épocas em que só existia o material físico! Até a fita K7 está voltando, pelo saudosismo e procura tanto da velha geração, quanto da nova geração que aprendeu o valor histórico desses formatos. Então acredito que tantas adaptações do mercado, suprimiram os arquivos ilegais, que vêm carregados de vírus, aplicativos paralelos, ‘cookies’ e outros dificultadores. O novo mercado ainda está em estudo, expansão e adaptações, como música ao vivo remunerada pelo Facebook, Youtube, ainda acho que essas plataformas precisam pagar melhor os artisitas, mas tudo tem evoluído profissionalmente e suprimido a pirataria pura e inconsequente. Estamos no caminho e a Internet tem sim, sido anos-luz mais positiva que nociva, na divulgação e projeção de carreira para os artistas.

SOURCE – Vocês tiveram uma tour européia cancelada devido a problemas de pandemia mundial. Como vocês estão se organizando para o novo agendamento dessa tour?

Sergio Mazul (Vocals) – O adiamento foi inevitável. A Europa estava se fechando por completo, a contaminação comunitária do Coronavírus tomou proporções fora de controle em países nos quais, inclusive, tínhamos duas ou três datas: Espanha e Itália. Público com medo, autoridades começando a radicalizar com mitigação e supressão e nós, também buscando preservar nossa saúde e bem-estar. Para o bem de todos, a decisão foi inevitável e unânime. A Vain Productions, responsável pela nossa tour e shows junto com a Access Live, resolveu adiar para Setembro, com as novas datas já confirmadas. Com o comércio já retornando aos poucos na Itália no presente momento e a Espanha já sinalizando formas de fazer o mesmo junto de outros países, acreditamos que será um período possível de fazer e retomar o plano. Vários shows e outras turnês estão sendo postergados e transferidos para o mesmo período. Então estamos aproveitando a quarentena para os preparativos, atualizarmos site, loja online, novos itens de merchandising e todos os nossos aparatos necessários para fazermos shows incríveis por lá!

SOURCE – Quais as perspectivas de aumentar o número de shows no Brasil para o ano de 2020?

Sergio Mazul (Vocals) – Acredito que tenham ficado um pouco nubladas devido ao isolamento social necessário e as medidas para evitar aglomerações; isso atrapalhou infinitamente a atividade em todo o ramo do entretenimento, prejudicando bares, produtores, casas de show e artistas, com prejuízos incalculáveis. Acreditamos que a partir de junho/julho, as coisas comecem a melhorar novamente e aos poucos, possamos focar em agendar shows por aqui na volta de nossa tour européia. Antes de outubro, não temos realmente nenhum plano mas após o retorno da Europa, sem dúvidas a idéia é fazer algumas coisas por aqui.

SOURCE – Algo mais a ser acrescentado?

Sergio Mazul (Vocals) – Apenas agradecer a vocês pelo espaço concedido, pela ótima entrevista e avisar que estamos mais ativos do que nunca! O contrato com a Frontiers Records é um ‘multi-record deal’, então temos vários discos em vista para lançarmos pelo menos, de 2 em 2 anos; a música ‘Murder of Crows’ ganhou clipe e mais uma terá videoclipe lançado durante esse período de quarentena, nos próximos dias. A editora Darkside lançará uma saga em quadrinhos de edições luxuosas com previsão de 2 em 2 anos também, sendo a primeira lançada no dia 20 de maio (já está em pré-venda) e nosso novo disco ‘Obscura’, tem versão nacional sendo vendida pela Hellion Records desde o dia 06 de março. Portanto, contamos com todos para adquirirem e conhecerem o disco, acessarem nossas mídias sociais para conferirem as novidades e terem certeza que muito mais está por vir! Obrigado à todos vocês da Source, aos leitores já fãs e aos novos que estão nos conhecendo agora e nos vemos em breve!

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